sábado, 9 de setembro de 2017

Análise das atividades da segunda oficina: História e Identidade

Por Júlia Cursino e Sérgio Henrique

             Ao se pensar em identidade, a diferença vem à cabeça. Tal afirmação pode ser um tanto quanto contraditória, mas nos identificamos para nos diferenciar. Diferenciar-nos daqueles que – por algum motivo – julgamos ser o nosso oposto. A oposição se concretiza em diversos campos, econômico, cultural, social etc.
             Em uma tentativa de reflexão sobre o assunto nos esforçamos, quase que de forma instantânea, a tentar decifrar em que nos diferenciamos, ou seja, ao que nos associamos. Tal trabalho mental pode levar a conclusões como: “não gosto de sertanejo, portanto sou rockeiro”. Esse exemplo chulo e expressivo de lógica aristotélica serviu para demonstrar que a tendência é a fragmentação das lógicas diferenciativas. A entidade do espírito pós-moderno nos cerca, influenciando em nosso cotidiano e tornando essa lógica de pensamento o padrão de nossas análises sociais.
             Deve-se levar em consideração que a realidade não se aplica a nossas lógicas diferenciativas acima assinaladas. A identidade, a busca por se mostrar como membro de determinado grupo e não de outro, perpassa por questões diversas mas interdependentes e interativas. Por exemplo, me identificar como um fã da música sertaneja indica que utilizo determinadas linguagens, vestimentas, frequento lugares específicos e gosto de locomoções que favoreçam o meu – teórico e possível – trabalho rural. O exemplo dado não procura criar e demonstrar preconceitos, mas sim explicar o ponto de vista aqui colocado de forma simples e empiricamente didática.
            A intencionalidade da oficina ministrada pelos bolsistas do PIBID advindos do IFG – Campus Goiânia, era justamente demonstrar essas questões. O diferencial, se é que podemos nomear o trabalho docente empregado no Plano de Oficina dessa forma, é o recorte: A busca de identidade através da cultura do Hip-Hop. A título de análise sobre o alcance de objetivos determinados, utilizaremos as atividades realizadas pelos alunos do IFG de Aparecida de Goiânia, pertencentes ao segundo ano do Ensino Médio e apreciadores participativos da oficina.

A atividade se constitui em duas partes:
· 1° - Foi pedido que os discentes fotografassem pichações/grafites em seus bairros ou transcrevessem uma letra de Rap;
· 2° - Pedia a análise pessoal dos estudantes sobre a obra que eles escolheram;
· Observação: Em sua maioria, os alunos não escolheram entre a fotografia e a letra de rap, concluindo sua atividade com a representação das duas.

            Em relação às letras de Rap praticamente todos os alunos escolheram letras de grupos famosos – com a exceção de uma ou duas tarefas – se destacando a de “Negro drama” dos Racionais MC’s. Essas escolhas ocorrem de forma natural, até porque esses grupos, ou crews, desenvolvem seu trabalho em uma esfera pública de maior destaque e expressão. Não foram percebidas críticas negativas que envolvam as letras de Rap, diferentemente do que ocorre com as expressões artísticas físicas, ou seja, os grafites e pichações.
            Foi proposta na segunda oficina uma atividade para ser realizada pelo alunado. Esta atividade demonstrou como as oficinas foram importantes, pois percebemos que os alunos ao selecionarem as pessoas entrevistadas perceberam que elas atendiam ao perfil da atividade proposta. Muitas dessas entrevistas revelaram como o preconceito contra a mulher está enraizado historicamente, atenuando as disparidades sociais entre as pessoas que moram em periferias.
            A participação dos alunos durante a segunda oficina foi de extrema importância, pois um grande número se reconheceu como alunos pertencentes a regiões periféricas, sendo que anteriormente foram instigados para saber sobre quem se identificava como residente de uma periferia e uma pequena parcela ergueu as mãos como forma de identificação. Após as explicações sobre o que é uma periferia, quando foram replicados novamente sobre o assunto, um número maior de alunos, ergueram as mãos.
            Essa segunda oficina demonstrou como os alunos se enxergam, como eles se veem dentro da sociedade, a sua relação com a própria identidade e aceitação dela, como eles interagem com os outros colegas e lidam com suas diferenças. Ambas as oficinas agregaram conhecimento sobre as identidades que são consideradas subalternas, suas expressões culturais e artísticas, a noção de cidadania e a sua expressão máxima na sociedade.

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