sábado, 26 de agosto de 2017

Desafios na construção de uma identidade docente

Por João Pedro e Luísa Viana

As oficinas de História realizadas no IFG| Aparecida de Goiânia durante o mês de maio, motivadoras da construção desse blog, foram fundamentais para o nosso processo de formação como professores. A primeira, com o tema Gênero, Cidadania e Periferia proporcionou momentos de discussão muito importantes, os quais aludiram a própria realidade dos alunos. Entretanto, apesar dos debates frutíferos, não tivemos muito êxito no momento de explanação dos conceitos de gênero, cidadania e periferia, pois faltou um diálogo mais consistente com a turma. A aula dialogada é uma proposta metodológica que busca situar o aluno de modo mais efetivo nas temáticas abordadas. Para tal é necessário verificar quais conhecimentos prévios os discentes possuem sobre o tópico discutido, assim é possível conectar novos saberes com a bagagem de informações que eles trazem para a sala de aula. Dessa forma, o aluno se torna sujeito ativo do processo de aprendizado e consequentemente consegue se sentir mais atraído e mais envolvido com a matéria.
Essa proposta de aula dialogada é um desafio para nós enquanto estudantes de Licenciatura, pois ainda não consolidamos nossa identidade docente. A construção identitária como professor(a) é um processo que exige o desenvolvimento da teoria e da prática. Assim, essas oficinas oportunizaram para nós um momento de desenvolvimento de nossas habilidades aprendidas no curso de História. É importante ressaltar que o aprendizado se dá com o reconhecimento dos erros e a possibilidade de reformulá-los. Por isso, na segunda oficina, em que tratamos sobre Identidade e Cultura Hip-Hop, notamos um avanço significativo em nossa desenvoltura em sala de aula. Conseguimos conceber uma aula dialogada, apesar das falhas constatadas em seu desenvolvimento. O principal equívoco foi não perceber que o diálogo com os alunos conduzia os assuntos abordados para uma direção que não foi contemplada no momento requisitado. Por exemplo, ao falar sobre as origens do Hip-Hop nos EUA não percebemos que os alunos estavam mais interessados em saber sobre o contexto brasileiro de construção dessa cultura. Assim, nos prolongamos bastante nesse momento e não conseguimos promover um debate interessante. Outro ponto problemático foi a opção por recortar os documentários exibidos, o que acabou desestimulando os alunos, pois os filmes foram interrompidos quando os alunos começavam a se envolver com a narrativa fílmica.
Apesar da ausência de um diálogo na explanação dos conceitos durante a primeira oficina e da fragmentação de debates ocorrida na segunda, compreendemos que também conseguimos êxito em determinados quesitos. Muitos alunos demonstraram compreensão sobre a constituição histórica da cidadania, do gênero e da periferia, o que foi perceptível tanto nos debates em aula quanto nas atividades extraclasse. Além disso, a oficina sobre hip-hop despertou a identificação dos estudantes com a periferia e o interesse pela cultura hip-hop, apesar de ter provocado maiores reflexões sobre a questão da identidade negra. Mas, avaliamos que para aprofundar nessas temáticas e alcançar a totalidade da turma é necessário um retorno das atividades e um processo contínuo de debate e ensino, pois se tratam de aspectos de grande relevância para o cotidiano dos jovens.
Nós acreditamos que refletir sobre nossos erros e nossos acertos são fundamentais para a pesquisa de técnicas pedagógicas. É importante ressaltar que as experiências com os alunos do IFG| Aparecida de Goiânia enriqueceu nosso arcabouço teórico e metodológico, pois a turma se mostrou muito disposta a aprender e a participar das oficinas, o que ficou evidente com a batalha de hip-hop organizada pelos próprios alunos na segunda oficina. Nesse sentido, sabemos que o envolvimento dos alunos foi crucial para os resultados satisfatórios obtidos em sala de aula e nas atividades realizadas em casa.


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