Relato de Experiência sobre a oficina
História e Identidade – A Cultura Hip-Hop no Brasil Contemporâneo
Bolsistas:
Jéssica Souza Meireles
Gabriella Ferreira Rodrigues
Dando continuidade à série de Relatos de Experiência sobre as atividades realizadas no primeiro semestre de 2017 pela equipe do Subprojeto de História do PIBID/IFG – Campus Goiânia junto aos Cursos Técnicos Integrados em Tempo Integral do IFG – Campus Aparecida de Goiânia, hoje vamos apresentar um relato sobre a nossa atuação na oficina História e Identidade – A Cultura Hip-Hop no Brasil Contemporâneo. Tendo como ponto de partida essa experiência, nosso objetivo é trazer reflexões acerca das possibilidades de flexibilização do planejamento de uma oficina (ou aula) diante das intervenções dos alunos.
As Expectativas Durante o Planejamento
Ao elaborarmos o planejamento da oficina História e Identidade, optamos por realizar um debate sobre a Cultura Hip-Hop a fim de levarmos os alunos a compreenderem que essa cultura no Brasil Contemporâneo é resultado de processos históricos. Nosso intuito era instigar os estudantes a refletirem sobre como Hip-Hop se constituiu historicamente como produtor de expressões transgressoras (como a pichação) e também de identidades para uma parcela da juventude negra de diversas periferias do país. Outro objetivo dessa abordagem era promover a discussão acerca do atual processo de assimilação das linguagens do Hip-Hop (ex.: grafite, pichação e Rap) por diversos seguimentos da sociedade brasileira, transformando-as em produto.
Para atingirmos esses objetivos durante a oficina, tínhamos previsto as seguintes etapas de ensino-aprendizagem: a) primeiramente, a partir da análise dos documentários The Furious Force of Rhymes (2010) e Triunfo (2014), abordar o surgimento do Hip-Hop nos Estados Unidos e sua difusão no Brasil, debatendo como a falta de acesso à cidadania plena dos indivíduos da periferia está relacionada ao desenvolvimento dessa cultura; b) promover uma discussão sobre como os elementos do Hip-Hop constroem historicamente identidades de jovens negros e também transgressões sociais; c) e, com base na análise do documentário Contra a Parede (2015) e da exposição Em Nome do Pixo (2016), problematizar a apropriação e a transformação das linguagens artísticas do Hip-Hop em mercadoria, ao mesmo tempo em que elas continuam a serem expressas nos espaços urbanos. E então oficina seria finalizada com uma batalha de Rap realizada por alguns alunos da escola.
Como na época a equipe do Subprojeto atuante no IFG – Campus Aparecida de Goiânia era composta por oito bolsistas, os passos foram distribuídos entre o grupo. A ideia era que cada dupla de bolsistas pudesse dar continuidade às discussões da dupla anterior a fim de que todas as abordagens fossem realizadas em sequência e com coerência e coesão.
A Realização da Oficina
Durante a realização da oficina, buscamos seguir as etapas estabelecidas no planejamento. Porém, percebemos que desde os primeiros passos os estudantes que tinham conhecimento e vivência junto à Cultura Hip-Hop começaram a colocar em questão a apropriação dos elementos dessa cultura na atualidade, assunto que estava previsto para ser trabalhado apenas ao final da oficina.
Apesar das constantes intervenções dos alunos sobre esse aspecto da temática do Hip-Hop, foi possível perceber que houve um esforço por parte dos bolsistas que estavam lecionando em manterem o planejado, adiando a discussão levantada pelos alunos para o final. Isto, somado ao tempo extrapolado pelas outras discussões, fez com que a oficina fosse finalizada sem que aprofundassem justamente na questão que a turma demonstrou maior interesse. O documentário Contra a Parede (2015) que mobilizaria essa discussão, por exemplo, não chegou a ser exibido. E a exposição Em Nome do Pixo (2016) foi apresentada rapidamente.
Diante disso, acreditamos que seria mais interessante que os bolsistas, ao perceberem as inquietações expressas pelas falas dos alunos, fizessem algumas alterações na sequência didática prevista. Um caminho seria, por exemplo, permitir que os estudantes apontassem as problemáticas do Hip-Hop atualidade, e então, a partir das falas, promover reflexões a fim de que a turma compreendesse os movimentos históricos por trás dessas questões.
Além disso, seria imprescindível levar os alunos a entenderem que suas visões também são frutos de processos históricos e não estão descolados da realidade analisada. Entretanto, é importante ressaltar que a dificuldade para realizar essa mudança durante a oficina foi maior devido ao número de bolsistas lecionando tendo como base um planejamento conjunto e etapas bem delimitadas para cada dupla.
Nossas Conclusões
A experiência relatada foi essencial para aprendermos que durante uma aula o de História um professor lida, em geral, com dois tipos de conhecimento: os conteúdos que ele mobiliza durante o seu planejamento e os saberes que os alunos trazem de suas experiências na escola e na vida. Estes, apesar de muitas vezes fugirem das previsões dos planos de aulas, podem enriquecer a dinâmica de ensino-aprendizagem se o professor, além de considerar as falas dos alunos para decidir sobre a flexibilização das etapas de uma aula, também for capaz de fazer com que as visões dos estudantes sejam incluídas no debate histórico proposto.
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