Por Júlia Cursino e Sérgio Henrique
Ao se pensar em identidade, a diferença vem à cabeça. Tal afirmação pode ser um tanto quanto contraditória, mas nos identificamos para nos diferenciar. Diferenciar-nos daqueles que – por algum motivo – julgamos ser o nosso oposto. A oposição se concretiza em diversos campos, econômico, cultural, social etc.
Em uma tentativa de reflexão sobre o assunto nos esforçamos, quase que de forma instantânea, a tentar decifrar em que nos diferenciamos, ou seja, ao que nos associamos. Tal trabalho mental pode levar a conclusões como: “não gosto de sertanejo, portanto sou rockeiro”. Esse exemplo chulo e expressivo de lógica aristotélica serviu para demonstrar que a tendência é a fragmentação das lógicas diferenciativas. A entidade do espírito pós-moderno nos cerca, influenciando em nosso cotidiano e tornando essa lógica de pensamento o padrão de nossas análises sociais.
Deve-se levar em consideração que a realidade não se aplica a nossas lógicas diferenciativas acima assinaladas. A identidade, a busca por se mostrar como membro de determinado grupo e não de outro, perpassa por questões diversas mas interdependentes e interativas. Por exemplo, me identificar como um fã da música sertaneja indica que utilizo determinadas linguagens, vestimentas, frequento lugares específicos e gosto de locomoções que favoreçam o meu – teórico e possível – trabalho rural. O exemplo dado não procura criar e demonstrar preconceitos, mas sim explicar o ponto de vista aqui colocado de forma simples e empiricamente didática.